Olá amigos!
Antes de passar a qualquer descrição do dia, confirmo mais uma vez o extraordinário isolamento das paredes do hotel “La Cabana”. Ao nosso lado esquerdo temos um casal espanhol, e com esta me fico.
Bom, continuando…
Hoje batemos qualquer record que possa existir em termos de subida rápida em altitude! Depois de 2 dias com trekkings intensos, subidas e descidas extremamente lentas e custosas, fizemos o impossível, e subimos 1800m em cerca de 3 minutos simplesmente agarrados a um cabo, e tudo isto mediante o simples pagamento de 15,50 €. A palavra que muda todo o texto acima é “Teleférico”, também conhecido como “o melhor amigo do montanhista cansado” 🙂
Apesar das previsões meteorológicas pouco animadoras, e apesar de termos pensado num outro trekking de início, decidimos na mesma seguir até “Fuente Dé”, um local a 14 Km do nosso hotel e que fica mesmo na base do maciço central do Parque Natural Picos da Europa.
Ao chegarmos, deparámo-nos com uma bruta parede vertical, com o topo coberto por uma imensa neblina, e em direcção a essa neblina, um teleférico seguro a um cabo que simplesmente desaparecia ao chegar perto do topo… Foi então que decidimos, VAMOS!!!! 😉 Foi uma viagem rápida, em direcção ao infinito da montanha, e como previsto, depois de vermos o chão a uma monstruosa altitude, entrámos na neblina, e já nem para a frente nem para trás viamos nada!
A base do teleférico, já bem incrustada na montanha é o ponto de partida para mais alguns trekkings, mas como grandes alpinistas que somos, deixámos os grupos do Inatel com os seus sapatos de vela irem à frente para abrirem caminho no nevoeiro, mas sempre, connosco no seu alcance, não fossem precisar de alguma ajuda… 😉 Foi um trekking super cansativo de 30 minutos, mas muito muito intenso no meio da bruma… Ainda hoje não percebemos se de facto nessa meia hora começámos a subir alguma coisa, mas isso fica para a próxima.
A nossa prestação no trekking de “Fuente Dé” resume-se a 4 silabas…”RI-DI-CU-LA”, e que se deve em grande parte a uma aprumada condição física do Paulo que no meio de espasmos incontroláveis dos seus gémeos, juntando um latejar de dor do seu dedo grande do pé direito, que duplicou em 48 horas, criou um passo de dança denominado “MountainWalk” que consiste numa marcha lenta em frente com uma guinada forte à direita da sua perna esquerda, provocando um aparente desiquilibrio mas sempre controladíssimo 😉
Nota: Nunca tentem este passo à beira de escarpas ou precipícios, dada a mestria necessária para o dominar correctamente. Se pretenderem efectuar o mesmo em terreno plano, peçam ajuda a profissionais.
Depois de um trekking tão cansativo, tivemos de nos vingar e comer costoletas com 500gr de carne simplesmente divinais, acompanhadas por um tinto do Douro Espanhol, que não chega aos calcanhares do nosso, mas não foi por isso que ficou na garrafa… Agora falando bem a sério, ao longo dos últimos dias temos comido muiiiito bem na Cantábria. Esqueçam lá as tapas…aqui tratam-se muito bem e a carne é simplesmente fantástica!
Como devem imaginar, e porque o dia não estava para caminhadas, resolvemos passear de carro por entre esta brutal região, e no meio de caminhos pouco explorados, vivemos como normal, uma nova interacção com a fauna local:
1. Um esquilo tentou acertar-me com uma noz;
2. 2 porcos fizeram-me correr a pensar que eram javalis;
3. Não é fauna, mas o Paulo conheceu uma espécie de guarda florestal com cara de poucos amigos a tentar perceber que raio é que 2 Tugas andavam a fazer no meio da montanha numa zona nada turística… À pergunta deste guarda, o Paulo respondeu: “Tranquilo…no passa nada!”, enquanto gritava “Picos, desce…desce rápido que está aqui um senhor!!”
Nota: Convém referir que o carro estava estacionado no meio da estrada e eu tinha levado a chave do mesmo em perseguição de supostos javali estrada acima 🙂
A noite terminou com umas canhas no centro de Potes, e a promessa de cá voltarmos rapidamente para vermos os 95% de coisas que ainda faltam ver nos Picos da Europa!
FOI BRUTAL 🙂
Bjs e abraços, amanhã Vila Real e depois Lisboa,
Luís M. e Paulo Alves