Londres, Picadilly Circus – 00:29
Já há alguns anos que não sentia isto. Estou como peixe na água…conheço tudo e não conheço nada, não me preocupo se falho o comboio, o metro ou a rua. Ando em frente, para os lados, perco o sinal verde para atravessar, olho para a direita, para a esquerda, falo com pessoas, elas falam comigo, tudo ataca, tudo se defende…chamo-lhe, “O Faroeste“.
Aqui ninguém manda em ninguém. Há pretos, chineses, mestiços, árabes, brancos, indianos. Há de tudo, de todas as cores tamanhos e feitios, de tudo e para todos os gostos e ninguém se importa com as diferenças. Está frio, não de rachar, mas frio, tenho o cachecol posto mas deixei o gorro em casa, sou mesmo burro, mas pelos vistos o frio não se sente assim tanto por cá … É impressionante como as mulheres deste país mostram os seus atributos, pernas, braços, peito, tudo bem à vista e com um griso descomunal. Os homens param a observar no meio da rua, eu cá, paro com eles.
Sinto-me um voyeur, mas toda a gente sabe que o sou porque aqui, toda a gente o é…
Cada estilo marca, o Ferrari vermelho acelera, as bifas cantam, o trânsito não para e é caótico. Os táxis são giros, os autocarros também… O Mac e o Burger King estão cheios e as portas das discos e dos pubs têm filas e filas de pessoas desnudas e branquinhas prontas para a festa. Gosto muito do sotaque, mas do que eu gosto mesmo é de me sentir assim, tão perdido e tão achado.
Alguém canta Oásis, Lilly Allen…eu oiço! Paro de novo, desta vez compro uma fatia de pizza e divirto-me a ver o povo a passar…o caos…tudo isto corre a esta hora…Saio do caos, estou a ver os trabalhadores do metro, da construção, as filas de táxi, os polícias a multar… Continuo a andar, chego a Trafalgar Square…e porquê parar agora…continuo… Apaixonei-me pelo Tamisa, sou um fácil…O Big Ben aparece…nem sabia que ele estava ali tão perto.
A noite está brutal, oiço um piano do outro lado da ponte, resolvo atravessar…oferecem-me droga, agradeço e continuo a deambular….
Bjs e abraços,
LM